António Variações - The gold of Portugal // António Variações - O ouro de Portugal

Português

Ontem assisti com minha namorada o filme Variações, de 2019, uma película biográfica sobre António Variações, para mim (que sou completamente leigo à respeito do tema) o maior ícone da música Portuguesa até o momento. O nome do músico me foi apresentado em algum momento do passado mas passou batido por muito tempo até que recentemente o Spotify me indicasse algum hit do músico quando procurei por "música portuguesa contemporânea" (por que também estava pesquisando pelos fados melancólicos que montavam o imaginário musical deste país no passado). Eu como brasileiro já tive minhas ressalvas há respeito de Portugal (por que hoje em dia temos bem atualizada a consciência de o que realmente aconteceu aqui - não uma colonização e sim uma apropriação - massacre indígena - etc) mas consigo compreender que apesar dos pesares, a alma portuguesa foi muito importante para formar parte do que o Brasil tem de positivo, nossa alma e nossos traços genéticos guardam boas memórias dos nossos padrastos passivo-agressivos.

Source

Em especial a música de Portugal me pega de jeito, por que seu modo melodioso de pronunciar as palavras e sua versão mais entalhada do que chamamos de português brasileiro torna o idioma muito mais "romântico". Acho prazeroso ouvir. E quando junto a isso encontrei uma sonoridade completamente autêntica, quase confusa e rica em detalhes pouco usuais nos álbuns de António Variações, eu fui atraído imediatamente! Com resquícios vigorosos das veias tradicionais do país (em seus fados e canções folclóricas) intercalando-se com linhas de baixo que quase esbarram no pós punk e sintetizadores que dão um ar festivo e semi-lisérgico às baladas de Variações, seus vocais impecáveis melodicamente e com um timbre único tornam essa amálgama especial aos ouvidos. António lançou apenas dois álbuns em vida, certamente teria crescido muito mais se não tivesse sido arrebatado pela maldita doença que assolou o mundo na década de 80.

Source

Assim como outros ícones que marcaram a música e foram levados pela AIDS (HIV), António Morreu em 1984, cedo demais para ver sua música crescer. Apesar de sua excentricidade estética (uma das principais peculiaridades do cantor e compositor), Variações era um homem bastante tranquilo e reservado, não usava drogas e nem mesmo bebia álcool, porém tal como muitos de sua geração acabou contaminando-se em algum momento com o vírus que devastou a comunidade LGBT naquele período. António deixou um legado breve mas poderoso e que prova seu potencial mesmo depois de tantos anos, com músicas que até o momento de hoje (2023) parecem frescas e mais rica do que a maioria do que é feito na atualidade, esse cabelereiro e cantor que esteve afrente de seu tempo talvez não saiba o quanto fez pela cena alternativa musical de Portugal, mas para mim, foi a porta de entrada de um gênero que já me apaixonou. E espero me aprofundar cada vez mais.