Immigration is a hard full stop to friendships.

  Eu queria escrever sobre isso ontem, mas só pude fazê-lo hoje, pois ontem foi feriado aqui. Mas tive tempo de ler algumas postagens antes de escrever a minha e isso me deu mais combustível para pensar um pouco sobre esse assunto. Acho que uma das consequências de migrar para outro país, como é o meu caso, é reiniciar a sua lista amigos. Não é fácil manter relacionamentos à distância. Eu diria que, apesar de ter apenas UM bom amigo no momento em que migrei, ainda assim foi uma pessoa muito importante que ficou para trás. Esse amigo era meu amigo desde a infância. Tínhamos gostos semelhantes em termos de entretenimento e também sempre nos encontrávamos durante as férias de verão.

  Acho que desde que tínhamos quase 10 anos de idade começamos a nos encontrar, pois ambos tínhamos pais problemáticos e antissociais. Ele tinha uma mãe muito controladora que não permitia que ele brincasse com outras crianças, só comigo (não sei por quê). E, no meu caso, meus pais, principalmente meu pai, nunca gostaram muito de viajar e, por algum motivo, quando outras crianças me convidavam para viajar com eles, ele não permitia que eu fosse. Então, no final, principalmente durante o verão, ficávamos presos no prédio onde crescemos. Também tive alguns problemas para criar novas amizades na escola, como mencionei em meu "post sobre a escola", e os poucos amigos que fiz lá moravam em outra parte da cidade, então eu não tinha muito como sair com eles, já que, novamente, meu pai era preguiçoso para me ajudar com isso quando eu era jovem. Portanto, mesmo quando eu era adolescente e tinha mais liberdade para viajar pela cidade, preferia sair com esse amigo para ir a um cinema local ou jogar videogame, que eram nossos passatempos favoritos. Durante minha juventude, na universidade, ele também era o amigo que tinha o gosto mais parecido com o meu. Conheci algumas pessoas na universidade, mas, ainda assim, elas tinham gostos muito diferentes. Eu não gostava de sair para danceterias, que alguns de meus amigos gostavam de frequentar.

  Vou ser franco, quando conheci minha esposa, isso começou a mudar um pouco meu relacionamento com esse amigo, comecei a passar mais tempo com ela, mas ainda assim tentava encontrar um tempo de vez em quando para conversar com ele e fazer coisas com ele. Principalmente coisas que minha esposa não gostava de fazer, como ir ao cinema para assistir a filmes de super-heróis. Minha sorte foi que ele também conheceu uma garota, e também começamos a sair como um casal, indo para a nossa casa ou para a casa dela. A situação mudou novamente quando minha filha nasceu, pois você começa a se dedicar muito aos seus filhos quando eles nascem, então fica difícil sair com os amigos. Mas, ainda assim, podíamos nos encontrar de vez em quando.

  Minha imigração para o Canadá interrompeu drasticamente nosso relacionamento. Ainda tentamos nos falar pelo WhatsApp, mas é difícil manter uma conversa completa. Eu mal sei o que está acontecendo na vida dele. Na última vez que estive no Brasil, nos encontramos, conversamos muito, mas mesmo assim tive que voltar para minha vida. Quando as pessoas me perguntam se sinto falta da minha vida no Brasil, essa é a única coisa de que sinto falta, além do churrasco de fim de semana com a família. Sinto falta do meu amigo e desse evento familiar, só isso. Todo mundo diz que quando se muda para outro país faz sacrifícios. Esse foi o meu sacrifício, eu gostaria de poder trazê-lo, eu tentei, prometo. Não por minha causa, acho que ele teria uma perspectiva melhor em outro país, não necessariamente onde estou, mas ele tem suas próprias barreiras que o fazem não aceitar essa ideia. Ainda assim... gostaria de poder adicionar mais combustível, que sei que foi reduzido a pó.