High criminal rates in our life and how it can affect us.

  Antes de me mudar para o Canadá, eu estava trabalhando em um instituto de pesquisa chamado Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) no Rio de Janeiro, Brasil. O instituto é uma das organizações públicas de biotecnologia mais importantes do país, produz a maioria das vacinas do país e possui um importante hospital para doenças infecciosas (quando alguém suspeita de estar infectado pelo Ebola após uma viagem à África, eles vão para lá) e também realiza pesquisas muito importantes sobre doenças infecciosas. O campus é muito grande e bonito, com muitas árvores. O problema é a localização, fica no meio de uma importante rodovia chamada "Avenida Brasil" que conecta o centro do Rio ao ponto mais extremo da cidade, um total de 60 km de rodovia. É a rodovia mais movimentada durante o horário de pico, e às vezes as pessoas passam de 1 a 2 horas nessa rodovia a caminho do trabalho ou de casa. Além disso, o vizinho do instituto é a grande comunidade de Manguinhos, uma comunidade pobre dominada pelo tráfico de drogas. Quando eu estava trabalhando lá, muitas vezes o lugar parecia uma zona de guerra, principalmente quando a polícia começava a fazer operações lá. Quando há tiroteios lá, o instituto fecha os portões dos fundos, a rua que passa por trás é chamada "Leopoldo Bulhões". Essa rua passa na frente da comunidade. Essa era minha rota para casa geralmente, já que era muito mais rápida do que ir pela Avenida Brasil, costumava economizar 1 hora do meu tempo, apesar de minha esposa sempre reclamar desse comportamento. Lembro-me de uma vez que um homem em uma moto apontou sua arma para todos os carros só porque ele queria que parássemos para que ele pudesse atravessar a rua e entrar na comunidade. Posso dizer que geralmente quem vive no Rio de Janeiro sempre tem algumas histórias de tiroteios, assaltos e, às vezes, até mesmo sequestros (não foi o meu caso neste).

  Uma das minhas razões para sair do Brasil era proporcionar uma vida menos estressante para a minha filha (naquele momento, eu tinha apenas uma), onde ela pudesse brincar nas ruas sem preocupações com a violência. No ano passado, houve muita conversa aqui em Lethbridge, pois foi classificada como a número 1 no Índice de Gravidade Criminal do Canadá em 2021. Então eu saí de uma cidade violenta para outra? Eu não acredito nisso. É estranho porque eu estive em cidades em Ontário, como Londres e Toronto, e me senti menos seguro nesses lugares em comparação com aqui. Lethbridge tem uma população de rua, que é em grande parte viciada em drogas. Se você é pobre, o governo fornece moradia e comida. Além disso, há um grande esforço da comunidade para ajudar os necessitados. No entanto, há um problema com drogas e eles cometem roubos, na maioria das vezes pequenos, como arrombamentos de propriedades em carros para conseguir dinheiro que veem através das janelas. Isso é algo que aprendi a fazer no Rio de Janeiro, nunca deixar dinheiro à vista no carro e nunca deixar o carro destrancado. Mas aqui as pessoas não estão acostumadas a isso, então elas não fazem isso. Já vi pessoas saindo do carro para pegar algo no restaurante com as chaves lá dentro! No Rio, é impossível fazer isso (claro que minha mente não me permite fazer isso em qualquer lugar do mundo, na maioria das vezes, é claro, porque durante o inverno admito que deixo o carro ligado e desatendido às vezes para evitar problemas com o frio). Enfim, minha filha brinca na rua sem grandes preocupações, é claro que supervisionamos ela, mas na maioria das vezes ela tem mais liberdade do que eu tinha no Rio. Todos nós andamos de bicicleta sem a preocupação de sermos roubados nas ruas. Então será que o Lethbridge News precisa nos alarmar? Eu acho que a maior parte do problema aqui é que as pessoas relatam tudo e essa classificação foi baseada nesses relatórios. Talvez tenhamos o maior número de pessoas relatando crimes no Canadá!

  Se uma cidade é violenta depende muito do ponto de vista da pessoa. Para alguém que nasceu na Suécia e se mudou para Lethbridge, talvez seja uma cidade violenta para eles. Mas para mim, que venho em sua maioria de uma zona de guerra, aqui é como um paraíso. Eu conheço pessoas que tiveram seus carros arrombados, ou até mesmo pessoas que deixaram suas garagens abertas e alguém roubou suas bicicletas. Mas não há armas em suas mãos e pessoas roubando seu dinheiro com sua vida ameaçada.